"Basta a minha voz para que o mundo tenha uma voz. Quando ele se cala, a culpa também é minha." (Simone de Beauvoir)

sábado, 17 de dezembro de 2011

Mulheres do Ano 2011 (The Guardian)

O jornal The Guardian publicou ontem (aqui) uma fotogaleria das Mulheres do Ano 2011. Das apresentadas pelo periódico britânico, selecionamos sete. Os textos que acompanham as imagens correspondem a adaptações nossas dos publicados na suprarreferida fotogaleria.


Christine Schuler-Deschryver


Christine Schuler-Deschryver, ativista dos Direitos Humanos no Congo
(Fotografia: Gary Gershoff/WireImage)

Christine Schuler-Deschryver tem sido uma voz ativa contra o terrorismo sexual e a guerra esquecida da República Democrática do Congo. Dirige City of Joy, um centro para mulheres sobreviventes da violência de género em Bukavu, capital da província do Kivu Sul, na República Democrática do Congo. O centro tornou-se refúgio para muitas mulheres num país conhecido como a "capital mundial da violação". Schuler-Deschryver criou o centro com a ativista e dramaturga Eve Ensler. Durante a guerra, só em Bukavu, Christine recenseou mais de 14 mil casos de violação e afirma que, em toda a província, mais de 100 mil mulheres terão sido vítimas de violação, algumas repetidamente. "Se os milicianos usaram sistematicamente a violência sexual em toda a região oriental do país, não foi para satisfazer as suas necessidades sexuais", afirma Schuler-Deschryver. "Os rebeldes usam a violação como arma de destruição. É terrorismo sexual", diz.


Hetty Bower

Hetty Bower, 106 anos, ativista inglesa pela Paz e Justiça Social
(Fotografia: Martin Godwin/Guardian)

Apesar da sua respeitosa idade, Hetty Bower continua o seu trabalho em prol da paz, justiça social e direitos humanos, marcando presença em manifestações e protestos anti-guerra. "Enquanto as minhas pernas me puderem levar, eu vou participar ativamente nos protestos anti-guerra", disse. "Que pessoa em sã consciência, poderia ser a favor da guerra?"


Samira Ibrahim

Samira Ibrahim, de 25 anos, ativista dos Direitos Humanos no Egito
(Fotografia: domínio público)

Foi um dos rostos da Primavera Árabe no Egipto. A 8 de Março de 2011, Dia Internacional da Mulher, enquanto participavam nas manifestações da Praça Tahir contra o ditador Hosni Mubarak, mostrando que a revolta contra o regime era também uma luta das egípcias, Samira Ibrahim e outras mulheres foram presas, torturadas e sete delas (as que ao serem interrogadas sobre o seu estado civil responderam serem solteiras), obrigadas a submeterem-se ao "teste de virgindade".  Samira foi a única que teve coragem de denunciar e levar a tribunal a violência sexual de que havia sido vítima. No relato que fez sobre os acontecimentos após a prisão, Samira afirma: "A pessoa que conduziu o teste era um oficial, não um médico. Ele ficou com a mão dentro de mim por uns cinco minutos. Fez-me perder minha virgindade. (...) Eu fui violada". O caso será julgado a 27 de dezembro próximo, mas reina o ceticismo relativamente ao desfecho. A coragem de Samira valeu-lhe, nos últimos meses, segundo a Organização Não Governamental Human Rights Watch, diversas ameaças.



Shaima Jastaina

Shaima Jastainah, de 32 anos, ativista dos Direitos da Mulher na Arábia Saudita
(Fotografia: AP)
 
Shaima Jastainah é um dos rostos pelo direito das mulheres a circularem livremente na Arábia Saudita. A Arábia Saudita é o único país do mundo onde as mulheres (sauditas ou estrangeiras) estão proibidas de conduzir veículos. Ativistas, como Shaima Jastainah, protestam, desde a década de 1990, contra esta interdição. A contestação ganhou visibilidade internacional em Novembro de 1990, quando um grupo de 47 ativistas desfilou ao volante de automóveis pelas ruas da capital, Riad, tendo havido várias detenções. Em Junho deste ano, com recurso à Internet, foi lançada uma nova campanha (Women2Drive) e dezenas de mulheres sauditas têm ousado conduzir e publicado os vídeos da infração no YouTube, como forma de pressão e alerta para a situação das mulheres naquele país. Em Julho, Shaima Jastainah foi detida, declarada culpada por conduzir sem permissão e condenada a dez chibatadas. A sentença (anulada posteriormente em setembro, em função da pressão exercida pelas Organizações Internacionais de defesa dos Direitos Humanos) foi lida dois dias depois de o rei Abdullah ter prometido «proteger os direitos das mulheres».
 
 
 
Ellen Johnson Sirleaf, Leymah Gbowee e Tawakkul Karman

Ellen Johnson Sirleaf (Libéria), à direita, Leymah Gbowee (Libéria), à esquerda, e Tawakkul Karman (Iémen), ao centro.
As três mulheres e ativistas dos direitos das mulheres foram laureadas com o Prémio Nobel da Paz em 2011
(Fotografia: Leonhard Foeger/Reuters)
 
Apenas doze mulheres haviam recebido, até 2011, o Prémio Nobel da Paz. Este ano foi atribuído a três. Cada uma delas arriscou muito para ajudar mulheres em países onde as mulheres são frequentemente ignoradas. Sirleaf, primeira mulher presidente democraticamente eleita em África, é premiada em reconhecimento do seu trabalho em prol da paz na Libéria, país devastado pela guerra. Quanto à ativista Gbowee, o Comité Nobel teve em conta o seu trabalho como ativista contra a violação como arma de guerra e a exploração de crianças-soldado na guerra civil do seu país. A primeira mulher árabe e a mais jovem de sempre a receber o Prémio, Karman, tem organizado e participado em protestos a favor dos direitos das mulheres, da democracia e da paz no Iémen, desde 2008.
 
 
Fonte: "Women of the year 2011 - in pictures", The Guardian [em linha], 16-12-2011, In http://www.guardian.co.uk/lifeandstyle/gallery/2011/dec/16/women-of-year-2011-in-pictures?fb=native#/?picture=383355236&index=4 [Consultado a 17-12-2011] 

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